
Entrevistado de outubro: Gustavo Netto, triatleta de São José dos Campos, São Paulo, que participará do XTERRA WORLD CHAMPIONSHIP - MAUI - HAWAII.
Em entrevista para a edição de setembro, Fabio Luis Charneski:
Fábio Luis Charneski, consultor em alta tecnologia para Call Center e administrador por formação, morador de Florianópolis/SC e natural de Curitiba/PR responde às perguntas da Hip Hurra nesta edição de lançamento.
Praticante de esportes desde muito cedo, começando com a natação aos 10 anos e, aos poucos, adicionando as demais atividades, Fábio Luis Charneski, consultor em alta tecnologia para Call Center e administrador por formação, responde às perguntas da Hip Hurra nesta edição de lançamento.
Fabio Luis já participou daquela prova que é tida como o auge para muitos triatletas: o IRONMAN. Para 3.800 metros de nado, 180 km de pedalada e 42 km de corrida, não haveria outro nome mais apropriado do que IRONMAN (Homem de Ferro).
Na vida de Fabio Luis, 32 anos, morador de Florianópolis/SC e natural de Curitiba/PR, tudo aconteceu de forma natural e sem muita programação. Mesmo com alguns problemas na coluna, que lhe impediram de exercer algumas atividades de seu gosto, sempre treinou o pedal, a natação e a corrida. Participa de provas de corrida na região de Florianópolis a cerca de 9 anos e iniciou as competições no triathlon após um longo período de treinamento, no ano de 2008.
Federado pela FETRISC (Federação de Triátlon de Santa Catarina), Fabio está entre os 10 primeiros do ranking de sua categoria. O atleta, treinado por Flávio Mendes, do Clube da Corrida, lembra que se deve ter muita persistência: “Este esporte requer investimentos que muitas vezes não estamos aptos a dispor.”.
Fábio respondeu as perguntas da Hip Hurra e dá alguns conselhos a quem deseja seguir o fantástico caminho do IRONMAN.
1. Hip Hurra: Como você avalia o triathlon no Brasil?Fabio Luis: No long distance (provas de endurance) temos poucos talentos que despontam de forma aleatória, ou seja, não são fruto de um trabalho nacional. Grandes nomes como Alexandre Ribeiro, super campeão do ultraman, e nomes que despontam como Colucci e Ana Lídia, que ainda vai dar trabalho, não possuem o incentivo que seria merecido e com certeza geraria mais atletas de alto nível. Esperamos que isto esteja mudando, a exemplo da Argentina, que é bem menor que o Brasil, já possui uma tradição nos Long Distance. No triathlon normal (fast/olimpico/short) o volume de competidores tem crescido e os frutos serão colhidos mais cedo.
2. Hip Hurra: O Ironman obteve um forte crescimento nos últimos anos, com a participação de mais de 1000 atletas. Na sua opinião como atleta, a que se deve este crescimento? Qual o benefício para o triathlon brasileiro? Fábio Luis: A visibilidade mundial de provas como o IRONMAN incentivam a participação cada vez maior, mas ainda a nível de amadores, o volume profissional de nossos atletas ainda não é o desejado. Este movimento de profissionais terá reflexo nas próximas gerações, filhos de IRONMAN amadores de hoje. Esta prova para os amadores é uma realização, algo que meça a vida das pessoas. O profissional deve encarar isso não apenas como um desafio, mas como uma a prova para se vencer.
3. Hip Hurra: Qual nível técnico ou físico a pessoa deve ter para realizar e completar uma prova tão difícil como o Ironman?Fábio Luis: Esta prova não é fácil para ninguém, mas pode ser prazerosa, vai depender do volume de treino e de uma boa orientação, que é imprescindível para direcionar seu treino conforme a capacidade individual para cada modalidade. Existem pessoas que fazem do IRON a sua primeira prova, ou uma das primeiras, isso não seria o correto. Vale fazer uma sequência de provas em uma longa temporada (fast/short/olimpico/half iron) para depois focar no IRON, melhor do que contar com a sorte, é planejar e chegar lá.
4. Hip Hurra: No seu caso, como é feita a distribuição e dosagem dos treinos para cada modalidade?Fábio Luis: Para o Iron, em maio inicio os treinos focados, ou seja, a minha periodização para aprova inicia em Outubro e o volume vai aumentando semana a semana, com algumas alterações nas formas de treino, até mesmo para que a rotina não se torne estressante. Por exemplo, nas sextas feiras faço natação no mar ou na lagoa, tenho treinos de pedal variando esforço, entre leve e forçado. Os finais de semana marcam os longos treinos, com um pedal longo no sábado pela manhã, com transição para corrida curta e no domingo uma corrida longa. Segunda feira um dia de descanso, e na terça inicia nadando todo dia pela manhã e outra modalidade no almoço ou fim de tarde. Sem esquecer as sessões de musculação que no meu caso são destinadas a fortalecimento da musculatura da coluna lombar, pois tenho alguns problemas de longa data.
5. Hip Hurra: Quanto tempo de antecedência se exige de treinamento?Fábio Luis: Exatamente o tempo que me referi anteriormente, sendo que nas três últimas semanas antes da prova o volume vai diminuindo. Na última semana é bem leve e paro somente no dia anterior à prova.
6. Hip Hurra: Descreva, por favor, a emoção e o sentimento ao terminar uma prova deste calibre:Fábio Luis: Ao longo do período de treino, muitas vezes a sua mente esta tentando planejar cada minuto do que vai acontecer no grande dia. São muitas horas de treino, muitos NÃO que o atleta deve dizer, e tudo vai acumulando. Sua vida gira em torno de seu objetivo, como se o ano começasse no dia do IRON e terminasse no dia do IRON, um reveillón diferente. Quando piso no tapete vermelho dá um branco e parece que só existe uma pessoa, você mesmo. É complicado descrever.
7. Hip Hurra: Conte um pouco sobre as principais provas que já disputaste:Fábio Luis: O momento mais importante de todos é sempre e será o IRON, como realização pessoal, mas não posso deixar de citar as provas locais que tem uma essência diferenciada, como estar entre amigos e correr a prova com prazer, curtindo com os amigos, conversando depois da prova. Esta é a essência do triathlon. Uma prova que me marcou muito e que pra mim seria uma das maiores emoções que já vivi, foi na última Volta a Ilha que corri (2009). Mesmo depois de mais de 5 anos correndo estas provas, este ano foi diferente. Corri como guia da Equipe de Deficientes, que nunca tinha completado e tive o prazer de estar com eles nesta conquista. A equipe é formada por deficientes visuais, físicos e mentais. Corri 28 Km e estes 28 km mudaram minha vida. Ao final da prova na beira mar a vibração deles e do pessoal que acompanhava a prova... me arrepio hoje de lembrar. Esta é a maior função do esporte, tornar todos iguais...
8. Hip Hurra: Qual a sua expectativa para participação no Ironman 2010? Fábio Luis: Este ano meu objetivo é fazer abaixo de 10 horas. Em 2009 meu plano foi para 10 horas e 30, mesmo com dois furos no pneu que me tomaram cerca de 45 minutos, completei com 11:12. Espero este ano não passar por imprevistos desta natureza, mas em uma prova longa, temos que estar preparados para qualquer situação.
9. Hip Hurra: O que você pode dizer aos atletas que tem vontade de participar e ainda não tem coragem?Fábio Luis: A coragem vem com o tempo, o inicio é fácil, mas com o tempo surge a vontade e disposição para maiores desafios. O início mais indicado é participar de provas de corrida, travessias de natação mar aberto, provas de duathlon. Isso vai dar segurança para assumir riscos maiores. Depois que cai no sangue, vira vício.
10. Hip Hurra: Alguma mensagem que queiras deixar aos esportistas que acompanham a Hip Hurra? Obrigado pela entrevista.Fábio Luis: Esporte é uma oportunidade dada a todos e aproveitada por poucos, seja um dos que aproveita. Sempre que possível incentive o esporte, assista, invista, este tempo será sempre um investimento e pare de perder tempo.
Para conferir Fábio Luis em ação e seus treinamentos, basta acessar o site do triatleta no seguinte endereço: http://sites.google.com/site/fabiotriatlon